A importação do aço e produtos derivados dessa liga metálica constituída sobretudo de ferro e carbono é uma das mais importantes no Brasil hoje. Portanto, conhecer melhor esse mercado é fundamental para empreendedores e investidores que procuram novas e maiores oportunidades de negócio.
Neste artigo, vamos entender a origem e o funcionamento desse mercado, seus desafios, vantagens, influências e perspectivas. Fique conosco até o final.
O consumo de aço pela construção civil no Brasil pegou a leva da expansão econômica de 2008. Contudo, no ano seguinte, o governo federal elevou as alíquotas de II (Imposto sobre Importação) sobre aços longos usados naquela indústria de zero para 12 a 14%!
Em 2010, o Inmetro baixou normas para regular a importação de aço por meio da Portaria 73/2010. A partir daquele momento, quem era dono de uma construtora e precisava importar aço longo, precisaria confirmar com importador e o exportador o produto que desejava importar. Após isso, ambos seriam enquadrados à risca nos parâmetros traçados pelo instituto.
Ao mesmo tempo que esta medida protegia a indústria nacional de construção civil do risco da aquisição de produtos inferiores, as construtoras brasileiras encontraram dificuldades quando descobriram que somente duas empresas tinham o certificado de qualidade do Inmetro. O problema é que essa pouca competitividade aumenta o preço médio das mercadorias ou serviços.
O próximo passo para a aquisição do aço seria a contratação de uma certificadora para avaliar as condições da empresa importadora no Brasil e a qualidade do produto trazido de fora. Se o aço importado for aprovado pelo Inmetro, o importador tem direito a uma licença de 4 anos para continuar negociando o produto. Porém, o instituto passou a cobrar também uma manutenção do certificado do importador, que levou as certificadoras a visitar o país exportador para colher amostras do referido aço e realizar seus testes de qualidade, a cada 6 meses. O resultado é que hoje, 12 anos após a normatização do Inmetro, apenas 5 empresas conseguiram manter a certificação para importar aço no nosso país. Muito pouco não?
Mas as barreiras não pararam por aí. Após o aumento da taxação do aço e as novidades trazidas pela portaria 73/ 2010 pelo Inmetro, a Receita Federal criou o radar, uma exigência de comprovação financeira para as importadoras nacionais, assegurando que elas poderiam pagar o que desejam importar. Ou seja, a partir de agora, mesmo cumprindo os requisitos anteriores, se a empresa importadora não apresentar essa comprovação, bye bye.
A preocupação do fisco aqui está relacionada a indisponibilidade de recursos para pagar os impostos no momento do desembaraço aduaneiro das mercadorias compradas. Mas os efeitos do radar não pararam por aí. A partir desse momento, as empresas autorizadas não poderiam também importar um valor acima de US$ 500 mil por transação.
Além disso, caso a empresa passe 6 meses sem importar, seu radar expira, deixando-a obrigada a passar por todos os trâmites legais novamente se quiser obter nova autorização.
Agora, a construção civil passa por uma nova expansão e os preços do aço longo voltaram a subir no mundo inteiro. E paralelamente aos apelos pela redução dos impostos para a importação do aço, os produtores nacionais estão expandindo sua produção e se limitando a escoá-las internamente. Enquanto o setor tenta se organizar, as exportações seguem em queda.
Além de todos os desafios, soma-se as possíveis parametrizações na alfândega (canal amarelo, cinza ou vermelho). Uma iniciativa que pode acelerar o processo de importação é adotar uma solução inteligente de Comex com integração ao Siscomex e ao ERP da empresa.
Por volta do ano 1200 A.C teve início a Idade do Ferro. O descobrimento desse minério gerou mudanças intensas na sociedade. A produção de novos utensílios a partir do ferro desenvolveu a agricultura. A confecção de armas mais modernas promoveu a conquista territorial de vários povos, redesenhando a Europa, parte da Ásia e norte da África.
Século mais tarde, em 1865 o engenheiro metalúrgico inglês Henry Bessemer descobriu como reduzir o teor de carbono presente no ferro, tirando-o de um uso rudimentar e aproximando-o da forma que conhecemos hoje. Atualmente, o Ferro Gusa líquido é a principal matéria prima para a produção de aço.
Graças ao aço, a construção civil e a indústria conseguiram evoluir. Suas propriedades relacionadas a flexibilidade e resistência permitem ainda a sua aplicação nos setores de transportes, energia elétrica, automobilística, eletrodomésticos, entre outras.
Os principais tipos de aço são:
De acordo com o portal Comex Vis, os produtos mais importados pelo Brasil de janeiro a setembro de 2002 foram:
– Indústria de transformação: US$ 141,9 bilhões (90,5%);
– Indústria extrativa: US$ 16,8 bilhões (8,15%);
– Agropecuária: US$ 4,4 bilhões (2,12%);
– Outros produtos: US$ 1,81 bilhão (0,88%).
Como pudemos observar, os produtos relacionados à indústria de transformação lideram a importação no Brasil. Neste setor, as participações mais expressivas são:
– Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos): US$ 20,7 bilhões (10%);
– Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos): US$ 17,4 bilhões (8,5%);
– Demais produtos – indústria de transformação: US$ 8,9 bilhões (4,3%);
– Válvulas e tubos termiônicos, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores: US$ 8,8 bilhões (4,3%);
– Compostos organo-inorgânicos, compostos heterocíclicos, ácidos nucléicos e seus sais, sulfonamidas: US$ 7,5 bilhões (3,7%).
Os itens “Demais produtos” e “Válvulas e tubos termiônicos” envolvem a importação do aço e juntos representam 8,6% das importações da indústria de transformação, o que equivale a US$ 12,2 bilhões.
Os maiores exportadores de aço para o Brasil hoje são grandes empresas automobilísticas dos Estados Unidos, China e Alemanha. Esses 3 países são os responsáveis por cerca de 30% das 1,3 milhão de toneladas de aço que entraram no nosso país em 2021.
A maior produtora e distribuidora de aço hoje no Brasil é a multinacional Gerdau, uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo, hoje presente em 10 países. A maior recicladora da América Latina transforma 11 milhões de toneladas de sucata em produtos de aço todos os anos.
Mesmo no cenário inflacionário provocado pela Guerra da Ucrânia, 2022 está se consagrando como o melhor ano da siderurgia brasileira em 10 anos. A perspectiva para a produção no setor é de 23 mil toneladas até o final do ano, um crescimento de 2% em relação a 2021.
No dia 11 de maio de 2022, o Gecex (Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) aprovou um corte nas tarifas de importação do aço e mais 9 produtos no Brasil. Com esta medida, os vergalhões de aço tipo –CA-50 e CA-60– ganharam uma redução tarifária de 10,8% para 4%, a média internacional de tarifa de importação do aço, de acordo com o Ministério da Economia.
A guerra da Ucrânia levou ao aumento dos preços do carvão e minério de ferro, as principais matérias primas do aço, bem como o preço do frete, além de afetar a cadeia logística global. Ou seja, o preço do aço não teve como escapar do reajuste que já chegou a quase todas as indústrias e ao consumidor.
O impacto ainda presente nas usinas por causa da estagnação econômica gerada pela Covid 19 deixou o terreno desarmado para outra crise, e o mercado mundial se desabasteceu rapidamente, levando a uma demanda maior que a oferta. E com as indústrias nacionais e estrangeiras correndo para recuperar o prejuízo em suas linhas de produção, os preços dos insumos e commodities não podiam deixar de sofrer impacto.
Com o início da pandemia do Covid 19 em 2020, o preço do frete marítimo subiu em 500%. No início de 2022, este custo se revelou ainda 4,7 vezes maior, com um efeito significativo sobre a economia mundial e a importação do aço, se considerarmos que 90% das exportações e importações hoje são feitas pelo mar.
Com o aumento do impacto nos preços dos produtos que dependem do frete marítimo, os resultados são inflação alta e desaceleração da economia, com a queda na geração de valor pelas empresas.
De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC) um cenário desastroso inerente à dissociação das economias globais e o frete marítimo em alta pode fazer o PIB mundial cair em até 5% a longo prazo.
No auge da estagnação econômica gerada pela pandemia do Covid 19, os preços no mercado de minerais atingiram seu pico. Em 2022, porém, o mercado foi surpreendido com as quedas do aço e do ferro em 35% e 28% respectivamente. Apesar disso, a inflação no setor de construção civil é hoje uma das maiores das últimas décadas.
A queda no preço do ferro está relacionada sobretudo à desaceleração da economia chinesa, que vive um colapso no seu mercado imobiliário, fortes ondas de calor no país e lockdowns recentes.
As siderúrgicas chinesas produzem a partir do ferro e do aço, especialmente para o setor imobiliário. Nesse contexto, além de ter se tornado o maior produtor de aço do mundo, o país é hoje o maior importador de minério de ferro. Ou seja, quando sua economia não vai bem, a cotação do mineral e a importação do aço são afetados a nível global. Quer saber mais? Confira Importar Aço no Brasil – Uma Odisséia